Wagner Moura vai interpretar Paulo Freire no filme "Angicos", uma cinebiografia sobre o educador.
A produção já está em fase de desenvolvimento e será baseada no experimento que Freire realizou na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. O professor alfabetizou cerca de 300 pessoas em apenas 40 horas.
O longa será dirigido por Felipe Hirsch, conhecido pelo filme "Severina", e terá trilha sonora de Egberto Gismonti. O roteiro foi escrito em parceria com Juuar Itamar Vieira Junior.
O projeto conta com a consultoria da família de Paulo Freire e o apoio do Instituto Paulo Freire. Atualmente, o filme segue em fase de desenvolvimento, sem previsão de estreia.
Paulo Freire é uma figura que divide opiniões. Ele é o autor nacional mais referenciado no mundo na área da educação e cofundador do PT.
Seu método de alfabetização usa a realidade do aluno e palavras de seu dia a dia para facilitar o aprendizado.
No entanto, suas teses vão muito além da alfabetização. Para Paulo Freire, a educação não é apenas uma ferramenta de ensino, mas um instrumento de transformação social.
Sua principal tese, exposta em obras como "Pedagogia do Oprimido", defende que a educação deve formar "revolucionários":
"Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará (edição de 1987, p. 17)."
Para Freire, a transformação buscada pela educação era a revolução socialista, com base em ideias marxistas de luta de classes.
Ele elogiava e citava em suas obras líderes comunistas como Che Guevara e Fidel Castro, vistos por ele como "heróis da pedagogia":
"O que não expressou Guevara, talvez por sua humildade, é que foram exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar que possibilitaram a sua ‘comunhão’ com o povo. (...). Este homem excepcional revelava uma profunda capacidade de amar e comunicar-se."
O autor também defendia que não deveria existir hierarquia entre professor e aluno, vendo o professor como um facilitador, e não como uma figura de autoridade.
Além disso, ele questiona as estruturas da família tradicional, afirmando:
"as relações pais-filhos, nos lares, refletem [...] as condições autoritárias, rígidas, dominadoras, incrementam o clima da opressão."
Essa não será a primeira vez que Wagner Moura se envolve em produções que abordam figuras ou temas ligados à esquerda.
Em 2019, Moura fez sua estreia como diretor com o filme "Marighella", que conta a vida do guerrilheiro comunista Carlos Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional - ALN, grupo armado de oposição ao regime militar (a Ação Libertadora Nacional - ALN).
O ator chegou a dizer que o filme era "o primeiro filme que se opõe a quem chegou ao poder no Brasil".
A produção enfrentou boicote e dificuldades de financiamento, e Moura declarou estar "preparado para a porrada" pelos ataques que recebeu.
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