Vital Brazil fundou dois dos maiores institutos de ciência do Brasil, foi visitado e elogiado pelo presidente que por mais tempo governou os Estados Unidos e aprimorou o soro contra picada de cobras a ponto de salvar milhões de vidas.
Quando ele nasceu, em 28 de abril de 1865, o Brasil ainda era um império e enfrentava a Guerra do Paraguai. Hoje, fazem exatos 160 anos de seu nascimento e as suas descobertas e legado seguem essenciais para o país.
Filho de José Manoel da Silva e Maria Carolina, foi criado em uma fazenda em Campanha da Princesa, Minas Gerais.
Desde cedo, aprendeu a importância da educação e do trabalho:
“O pai de Vital era abolicionista e acreditava que a única herança digna que poderia deixar aos filhos era a instrução”, diz o site do Instituto Butantan.
Ainda jovem, mudou-se para São Paulo em busca de oportunidades. Trabalhou como condutor de bondes e, depois de muito esforço, conseguiu ingressar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1891.
Durante sua atuação como médico rural em São Paulo, deparou-se com um drama pouco discutido: a alta mortalidade por picadas de serpentes.
À época, não havia tratamento eficaz. As vítimas muitas vezes morriam ou ficavam mutiladas.
Inconformado, ele mergulhou nos estudos de toxinologia. Descobriu que cada espécie de cobra produzia um veneno diferente e que, portanto, o tratamento não poderia ser genérico.
Foi o primeiro cientista no mundo a comprovar que era necessário um soro específico para neutralizar o veneno de cada tipo de serpente:
“O soro anticrotálico é ativo contra o veneno da cascavel e o soro antibotrópico contra o veneno da jararaca”, afirmam os pesquisadores Amedeo Lomonaco e José Silvonei.
Essa descoberta revolucionou o tratamento de acidentes com cobras e salvou milhões de vidas. Com sua humildade característica, Vital Brazil doou a patente de seus soros ao governo brasileiro:
“No empenho de ser útil ao estabelecimento que fundei, não hesitei em ceder todos os direitos”, afirmou o cientista.
Em 1899, foi convidado a assumir a direção do Instituto Serumtherapico, que mais tarde se tornaria o Instituto Butantan.
Transformou-o em referência mundial em pesquisa biomédica. Mais tarde, fundaria também o Instituto Vital Brazil, em Niterói, dedicado à produção de soros e vacinas.
A filosofia de Vital era clara: a ciência deve servir ao povo.
Sua atuação combinava ciência de ponta com profunda sensibilidade social. Como escreveu:
“A verdadeira grandeza científica está em servir e não em enriquecer”
Em reconhecimento ao seu trabalho, personalidades como Theodore Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, visitaram o Butantan. Roosevelt declarou:
“Nenhuma instituição me impressionou mais em minha viagem pela América Latina do que o Instituto Butantan”.
Vital Brazil também foi pioneiro em práticas de educação sanitária. Realizou campanhas contra a febre amarela, a peste bubônica e o tifo, defendendo a ciência como um instrumento de transformação social.
Em seu entendimento, “combater a ignorância era tão importante quanto combater as doenças” (Lomonaco e Silvonei, 2020, p. 5).
Publicou mais de cem estudos científicos e formou gerações de médicos e pesquisadores. Ainda assim, manteve uma vida simples, sem jamais se afastar do compromisso de servir.
Faleceu em 8 de maio de 1950, vítima de uremia. Morreu pobre, mas deixou um legado incalculável para o Brasil e para o mundo.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP