Estrutura e proteção na Bolívia
De acordo com o promotor, não apenas Tuta, mas outros nomes importantes da facção estariam vivendo na Bolívia, como:
- Patrick Velinton Salomão (Forjado);
- Pedro Luiz da Silva (Chacal);
- André Oliveira Macedo (André do Rap).
Em alguns casos, o Ministério Público chegou a obter os endereços dessas lideranças, mas as tentativas de prisão esbarraram na falta de cooperação das autoridades locais.
Gakiya cita o exemplo de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, que viveu anos na Bolívia antes de ser preso em Moçambique em 2020.
“O Fuminho viveu 20 anos escondido na Bolívia. Aliás, ele não estava escondido: morava em Santa Cruz de La Sierra, tinha fazendas e andava inclusive com proteção de militares, que, evidentemente, foram corrompidos.”
Motivos estratégicos
De acordo com o promotor, a presença contínua de líderes do PCC na Bolívia é explicada por três fatores principais:
- A proximidade com as rotas do tráfico internacional de cocaína;
- O histórico de expulsão de agentes estrangeiros durante o governo Evo Morales;
- Existência de redes locais que dificultam ações de extradição.
“É um ambiente seguro para criminosos como o Tuta”, resume o promotor.
O caso de Tuta, segundo ele, demonstra como a falta de barreiras institucionais facilita a permanência de lideranças criminosas no país.
A prisão do ex-líder do PCC teria ocorrido por um erro de cálculo: ele compareceu a um posto oficial para renovar seu documento, foi identificado e posteriormente comunicado à Interpol e à Polícia Federal brasileira.
A prisão de Tuta ainda não teve repercussão clara dentro da organização
Segundo Gakiya, por estar agora no sistema penitenciário federal, ele se encontra isolado de outros membros da facção, o que dificulta a coleta de informações sobre eventuais reações internas.
O promotor destaca que, em casos anteriores, lideranças envolvidas em decisões internas da facção foram mortas dentro do sistema prisional por conta de disputas e ordens contraditórias.
A expectativa é de que, nas próximas semanas ou meses, o PCC revele de forma indireta como recebeu a notícia da prisão de Tuta.
Promotor reconhece avanços recentes na cooperação entre Brasil e Bolívia
Gakiya aponta que, apesar da proximidade entre os países, a Bolívia continua atraindo lideranças do crime organizado.
“Com isso talvez vá se formando aí um estreitamento, uma cooperação melhor entre as autoridades bolivianas e as brasileiras. Mas, em que pese ainda essa situação, a Bolívia ainda é o principal fornecedor de cocaína para o PCC e vários criminosos e lideranças estão lá na Bolívia”.
Ele alerta que outras lideranças da facção, como André do Rap e Sergio Luiz de Freitas (Mijão), continuam em liberdade e são alvos de alerta vermelho da Interpol.
Segundo ele, esses indivíduos têm mandados de prisão em aberto e poderiam ser localizados e extraditados com apoio internacional.
“Esperamos que as autoridades da Bolívia compreendam a gravidade e cooperem com o Brasil nesse sentido”, afirma.
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