Reação do mercado
No entanto, para o mercado, é difícil separar as duas coisas. Eduardo Coutinho, analista da Ebury Bank, afirmou que “é difícil interpretar o anúncio de outra forma que não como uma tentativa de recuperar o apoio popular após a notável perda de fôlego da esquerda, resultante das eleições municipais e da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. A inclusão de medidas ambíguas é sinal do que podemos esperar nos próximos dois anos: um governo que faz o possível para atingir o mínimo resultado econômico aceitável e garantir o apoio popular."
Renata Barreto esclareceu em sua rede sociais que o dólar está “estressado no mesmo nível que estava na pandemia” devido a uma crise de confiança gerada pelo governo.
“O resultado nas contas públicas de maio foi de R$61 bilhões. Só perde para o período de pandemia. A gastança desenfreada continua de um jeito muito preocupante. O governo não mostrou nenhuma capacidade ou vontade de fazer o corte de gastos pelo lado do corte de gastos, só do aumento de receitas.”
Renata acredita que as declarações do ministro contribuíram para que o mercado perdesse a confiança.
Rafaela Vitória, economista-chefe da área de Research do Banco Inter, concorda com Barreto em relação à falta de capacidade do governo de rever gastos. Também analisa como baixo o impacto do pacote de corte de gastos no Orçamento Público. Por outro lado, acredita que as medidas são adequadas:
“As medidas vão na direção correta ao limitar o crescimento dos gastos, mas o pacote fiscal anunciado é pequeno. Um corte de R$30 bilhões em 2025 representa cerca de 1,2% do Orçamento do ano e a execução ainda depende de aprovação das medidas no Congresso. Além disso, a demora para um anúncio tímido e de baixo impacto mostra a dificuldade política do governo em rever gastos”.
O pacote inclui outras medidas, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o abono salarial, além de ajustes no sistema de proteção social das Forças Armadas e no piso constitucional da educação.
Maior valor desde o recorde histórico, em 2020
O valor de R$6,00 foi o mais alto atingido desde que o real foi criado, em 1994. É ainda mais alto do que os R$5,9007 registrados em 13 de maio de 2020, período inicial da pandemia Covid-19.
Ontem, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), terminou o dia em baixa de 1,46%, com 128.030 pontos.
A atual desvalorização anual do real é de 16,8% no ano, a segunda mais alta na América Latina, perdendo apenas para o peso argentino, conforme revela a Quantum Finance.
Além do dólar, as taxas de juros futuros também subiram: o DI para janeiro de 2026 aumentou de 13,28% para 13,53%; para janeiro de 2027, de 13,335% para 13,64%; e para janeiro de 2029, de 13,08% para 13,475%.
Pressão para equilibrar as contas públicas
A pasta de Fernando Haddad estava sendo pressionada para equilibrar as contas públicas. Há vários meses o mercado reagia de modo negativo a uma série de cobranças extraordinárias que vinham sendo realizadas.
Na coletiva, Haddad disse que a reforma sobre o IR tem o objetivo de garantir a neutralidade fiscal e garantir a “justiça tributária”.
- Segundo este conceito, cada um deve pagar impostos de acordo com suas possibilidades financeiras.
Enfatizou também que, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso em 2025, ela passará a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.
A coletiva realizada hoje, encerra uma “queda de braço” entre alas do governo que são mais favoráveis ao desenvolvimento ou ao equilíbrio fiscal.