O Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) anunciou nesta terça-feira (15) que vai investigar o Brasil.
A medida acontece após Trump enquadrar o país na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, uma norma que autoriza a apuração de práticas que "prejudiquem ou restrinjam o comércio americano".
O processo pode acabar com a criação de novas tarifas e sanções contra o Brasil, como já ocorreu com a China.
O documento oficial que anunciou a ação do USTR traz uma lista de acusações contra o Brasil.
Os EUA acusam o Brasil de prejudicar a competitividade de empresas americanas nesses segmentos.
O documento menciona a decisão do STF que responsabiliza redes sociais por conteúdo compartilhado por usuários.
Com isso, as plataformas precisam derrubar postagens mesmo sem a necessidade de uma ordem judicial.
Quando empresas americanas se recusam a cumprir, ficam sujeitas a multas e executivos podem ser processados.
O Brasil também teria criado restrições "excessivamente amplas" à transferência de dados pessoais para fora do país.
Além disso, o governo brasileiro estaria fazendo "práticas desleais" em serviços de pagamento eletrônico, como dar vantagens ao Pix.
Os EUA acusam o Brasil de reduzir tarifas e criar vantagens para parceiros comerciais como México e Índia, o que desfavorece os produtos americanos.
O documento cita que a tarifa média aplicada pelo Brasil sobre importações americanas no ano passado era de 12,2%, enquanto os Estados Unidos aplicavam uma tarifa média de 3,3%.
Produtos de outros países, como o México e a Índia, recebem tarifas preferenciais no Brasil entre 10% e 100% menores que as tarifas padrão (MFN).
O resultado disso teria sido uma entrada quase livre de veículos mexicanos, que pagam tarifas próximas de 0%, enquanto veículos americanos são taxados entre 14% e 35%.
A Casa Branca alega que os esforços de combate à corrupção no Brasil "enfraqueceram consideravelmente".
O documento menciona acordos "opacos" e "conflitos de interesse" em decisões judiciais relacionadas a casos de suborno e lavagem de dinheiro.
Isso estaria prejudicando as empresas americanas e levantaria preocupações sobre normas internacionais.
Os EUA acusam o Brasil de falhar em garantir proteção e fiscalização "adequadas e eficazes" dos direitos de propriedade intelectual.
O documento destaca a "disseminação generalizada" de produtos falsificados na Rua 25 de Março, em São Paulo, como um grande mercado de produtos falsificados.
A alta demora na concessão de patentes, quase 7 anos em média e 9,5 anos para farmacêuticos, também é levantada.
O Brasil é criticado por ter abandonado um acordo que previa tratamento "praticamente livre de tarifas" para o etanol americano.
Agora, o etanol dos EUA enfrenta uma tarifa de 18% no Brasil, o que fez as exportações caírem de R$4.2 bilhões milhões em 2018 para R$294 milhões em 2024.
Por fim, o Brasil é acusado de falhar na aplicação efetiva de leis ambientais, permitindo o uso agrícola de áreas ilegalmente desmatadas e a exportação de madeira de origem ilícita.
O relatório estima que até 91% do desmatamento em 2024 foi ilegal e afirma que há corrupção e fraudes na cadeia de legalização de madeira e produtos agrícolas.
O USTR já solicitou consultas diplomáticas com o governo brasileiro. Uma audiência pública está marcada para 3 de setembro de 2025, em Washington.
Empresas e entidades interessadas poderão enviar comentários para a audiência até 18 de agosto.
Dependendo do resultado das investigações, os EUA podem impor novas tarifas ou sanções consideradas de "difícil reversão".
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