Eles estavam reunidos para estudar a Bíblia quando os tiros começaram. Dentro da pequena Igreja Evangélica da África Ocidental (ECWA), no condado de Kajuru, na Nigéria, o som das orações foi interrompido pela violência. Cinco fiéis foram mortos, e outros três ficaram feridos. Segundo moradores, o ataque foi cometido por pastores fulani — grupo frequentemente acusado de perseguir cristãos na região.
As vítimas foram identificadas como Victor Haruna, Dogara Jatau, Luka Yari, Jesse Dalami e Bawu John. Sobreviveram, com ferimentos, Samuel Aliyu, Philip Dominic e Jacob Hussaini.
A região agrícola, de maioria cristã, vive uma escalada de violência com sequestros, massacres e expulsões atribuídos a milícias islâmicas. Happiness Daniel, morador da região, relatou:
“Vivemos constantemente com medo, todos os dias. Não conseguimos dormir em nossas casas nem ir às fazendas”.
De acordo com dados locais, mais de 100 pessoas foram sequestradas em Kajuru nos últimos seis meses. A região integra o chamado Cinturão Médio, fronteira geográfica e religiosa entre o norte muçulmano e o sul cristão do país.
A Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) voltou a recomendar, em março deste ano, que a Nigéria seja classificada como País de Preocupação Particular (CPC), devido à persistente perseguição religiosa e à omissão do governo diante de ataques cometidos por grupos extremistas.
Essa classificação já havia sido aplicada ao país em 2020, ao final do governo Trump, por meio do então secretário de Estado Mike Pompeo. No entanto, foi retirada em 2021 pela gestão Biden, após visita do secretário Antony Blinken à Nigéria. A decisão foi duramente criticada por especialistas e defensores da liberdade religiosa.
“Essa decisão foi desastrosa”, afirmou Nina Shea, diretora do Centro de Liberdade Religiosa do Hudson Institute, que testemunhou no Congresso americano em março. Para ela, “os pastores Fulani representam hoje a maior ameaça aos cristãos da Nigéria”.
Mais de 5.500 pessoas foram assassinadas em 2022 apenas por serem cristãs
Relatórios internacionais confirmam o cenário alarmante. Segundo a organização Portas Abertas, a Nigéria ocupa o 7º lugar no ranking de países que mais perseguem cristãos. A entidade destaca que a violência, antes concentrada no norte muçulmano, avança pelo centro e atinge até áreas ao sul do país.
Em 2022, 90% dos 5.500 cristãos assassinados por sua fé no mundo eram nigerianos. A estimativa foi confirmada pela Alliance Defending Freedom International, que classifica a Nigéria como o país com o maior número de mártires cristãos do planeta.
“Os ataques são brutais. Homens são executados, mulheres sequestradas e violentadas. Muitos são obrigados a abandonar suas terras. Além da tragédia humana, a crise afeta a agricultura e contribui para a fome em massa”.
Apesar dos dados alarmantes, a Nigéria permanece fora da lista de prioridade da política externa de países ocidentais. Para especialistas, o silêncio internacional diante da perseguição religiosa no país africano evidencia a seletividade das denúncias de violações de direitos humanos.
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