A ministra Marina Silva convidou o papa Leão XIV para participar da COP30, prevista para novembro de 2026, em Belém (PA).

O convite foi feito nesta quarta-feira (1º), durante a Conferência Espalhando Esperança, em Castel Gandolfo, que marcou os dez anos do documento Laudato si’, publicado em 2015 pelo papa Francisco sobre o cuidado com a natureza.

No evento, Marina relacionou o aniversário da encíclica ao do Acordo de Paris, criado para limitar o aquecimento global. Ela pediu que a COP30 seja “a COP decisiva da implementação”.

Segundo a ministra, o mundo já tem soluções técnicas para enfrentar a crise climática, mas ainda falta compromisso ético.

“Já temos as respostas técnicas, o que falta é o compromisso ético de usar a técnica em benefício do enfrentamento da mudança do clima, do combate à desigualdade, para que tenhamos um mundo próspero, justo e sustentável. É incoerente dizermos que amamos o Criador e destruirmos a criação”, afirmou.

A ministra também pediu uma “transição justa, ordenada e equitativa” para as energias limpas e criticou o volume de investimentos em combustíveis fósseis. Além disso, reforçou o convite ao pontífice.

"Desejo aqui reafirmar o grande interesse e o convite da presidência brasileira da COP30 para que o papa Leão XIV nos honre com sua presença em Belém. Estou convencida de que, dessa forma, Sua Santidade dará uma indispensável contribuição para que a COP30 entre para a história como a COP decisiva da implementação"

O papa Leão XIV, em seu discurso, retomou a mensagem da Laudato si’ e alertou para o risco de transformar o cuidado ambiental em moda passageira ou motivo de divisão. 

A conferência reuniu autoridades civis e religiosas, como o ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, o presidente do Conselho do Movimento Laudato si’, Yeb Saño, e dom Jaime Spengler, cardeal brasileiro.

• Entenda mais sobre a organização da próxima COP 30 no canal da Brasil Paralelo.

Arquidiocese de Belém já havia negado presença do papa

Em agosto, a Arquidiocese de Belém negou que o papa Leão XIV tivesse confirmado presença na COP 30. A informação havia circulado em redes sociais e veículos não oficiais.

Em nota, a arquidiocese esclareceu que o pontífice “ainda não confirmou sua participação” e que “não há definição sobre os representantes oficiais da Santa Sé que participarão do evento”. O comunicado também lamentou a disseminação de informações sem apuração adequada.

O convite foi feito pela CNBB, pelo Governo do Pará, pelo Governo Federal e pela própria arquidiocese.

A participação oficial da Igreja na conferência está sendo organizada por uma comissão formada pela CNBB, pela Nunciatura Apostólica e pela Arquidiocese de Belém.

“Qualquer definição oficial sobre a presença do Santo Padre será divulgada exclusivamente pelos canais da Santa Sé”, reforçou a nota.

Em outras oportunidades o governo brasileiro havia entregue o convite ao papa. 

Em maio, durante a missa inaugural do pontificado, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin. Na ocasião, Alckmin destacou a preocupação ambiental como uma das prioridades de Leão XIV.

O convite foi reiterado em julho, quando o papa recebeu líderes religiosos e sociais de diversos continentes que lhe apresentaram o documento Um chamado por justiça climática e a casa comum, elaborado em preparação à COP 30.

Segundo o cardeal Jaime Spengler, o papa considera a possibilidade de participar, mas sua decisão dependerá da agenda no Vaticano durante o Jubileu e de outras viagens previstas.

A COP30 será a primeira conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada na Amazônia.

Entre os dias 10 e 21 de novembro, Belém deve receber representantes de quase 200 países para discutir emissões de carbono, financiamento climático e preservação de florestas tropicais.

O tamanho do evento tem se tornado um problema para a infraestrutura da cidade. Preços altos, falta de local para hospedagem e obras atrasadas geram polêmica na realização da COP 30. Entenda mais sobre esse assunto no vídeo abaixo: