O exorcismo de Roland Doe: conheça a história real que inspirou o clássico “O Exorcista”

Os primeiros sinais da possessão

A família do garoto teria começado a ver coisas estranhas acontecendo na casa em janeiro de 1949.

Tudo começou poucos dias após a morte de uma parente espiritualista que ensinou o jovem a usar o tabuleiro Ouija. 

Relatos afirmam que cadeiras se moviam sozinhas, a cama de Ronald sacudia de maneira estranha e marcas surgindo no chão. 

Além disso, sons vinham das paredes e pisos começaram a ser ouvidos pela casa.

Arranhões começaram a aparecer no corpo do garoto e ele passou a apresentar comportamentos estranhos, como crises de gritos e agitação. 

A família buscou ajuda em médicos, psicólogos e psiquiatras, que fizeram exames, mas nada de anormal foi identificado. 

A mãe buscou o pastor luterano Luther Miles Schulze. Após testemunhar alguns fenômenos, o religioso sugeriu que a família procurasse a comunidade católica em Washington.

O padre E. Albert Hughes tentou o primeiro exorcismo em Washington, mas Ronald o atacou, interrompendo o ritual.

Após o ocorrido, a família procurou ajuda com a comunidade jesuíta na universidade St. Louis, no estado do Missouri

Os padres Raymond Bishop e William H. Bowdern se interessaram pelo caso e foram autorizados a conduzir os rituais. 

Uma batalha espiritual: as sessões de exorcismo

O garoto teria passado por dezenas de sessões de exorcismo, conduzido principalmente pelos padres Bishop e Bowdern entre março e abril de 1949. 

O diário do padre Bishop relata que Ronald se sacudia violentamente, lutava com "força física além do poder natural".
Ele também cuspia no rosto dos padres e em imagens religiosas, estremecia quando jogavam água benta nele e gritava com uma "voz diabólica e aguda". 

Os rituais eram realizados em diferentes lugares, buscando aliviar o tormento do menino. 

Em uma ocasião, Ronald urinou na cama e gritou com os padres. Em outra, quebrou o nariz de um sacerdote.

Apesar de casos como esse chamarem a atenção, o demônio costuma agir de maneira muito mais sutil, buscando influenciar as pessoas no dia a dia.

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São Miguel salvou o menino

Durante uma das sessões, o padre Bowdern exigiu que o demônio se identificasse e saísse do corpo do menino. 

Uma voz distorcida teria respondido o sacerdote dizendo que Roland estava sob seu poder e não o deixaria: 

"Ele (Roland) só tem que dizer mais uma palavra, mais uma pequena palavra, quero dizer uma palavra GRANDE. Ele nunca vai dizer isso. Estou sempre nele. Posso não ter sempre muito poder, mas estou sempre nele. Ele nunca vai dizer essa palavra." 

Minutos antes da meia-noite, uma voz diferente teria sido ouvida no cômodo. Segundo o diário teria sido São Miguel Arcanjo enfrentando o demônio: 

"Satanás! Satanás! Eu sou São Miguel e ordeno a você, Satanás e aos outros espíritos malignos, que deixem o corpo em nome de Dominus, imediatamente. Já! Já! AGORA!" Afirmou.

Quando Ronald acordou, disse aos sacerdotes que “ele se foi” e contou que São Miguel havia travado uma batalha para salvá-lo.

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A vida após o exorcismo

Ronald Doe permaneceu anônimo durante décadas, sua identidade só foi revelada em 2021 pela revista The Skeptical Inquirer, pouco após sua morte.

Seu nome verdadeiro era Ronald Hunkeler e ele viveu uma vida aparentemente normal, se casando e tendo filhos. O primeiro recebeu o nome Michael em homenagem a São Miguel Arcanjo. 

Ele trabalhou por mais de 40 anos como engenheiro na NASA e viveu com medo de que seu passado fosse descoberto por colegas. 

O exorcismo realmente aconteceu?

No entanto, sua companheira revelou que Roland nunca acreditou que estivesse possuído:

"Ele disse que não estava possuído, que foi tudo inventado. [...] Ele disse que ‘era apenas um menino mau’." 

O escritor Sérgio Ruela afirmou que se encontrou com um amigo da família para escrever o livro Diabolical Possession and the Case Behind the Exorcist, de 2018.

Ele teria explicado como funcionava a dinâmica da família Hunkeler. O pai tinha uma tendência a mimar o garoto enquanto a mãe era bem mais severa.

Além disso, ela era muito supersticiosa, o que fez os sacerdotes questionarem se o garoto não estava usando truques para escapar da escola.

Um encontro inexplicável

Ronald Hunkeler morreu em 2020, aos 85 anos. Pouco antes, um padre católico apareceu inesperadamente em sua casa para realizar a última unção.

O detalhe é que sua companheira não havia chamado o religioso em nenhum momento.

Ela acredita que o sacerdote garantiu que a alma de Roland foi para o céu após sua morte: 

"Eu não faço ideia de como o Padre soube de vir, mas ele levou Ron para o céu. Ron está no céu e está com Deus agora."