No dia 9 de setembro de 2025, o céu de Doha, capital do Catar, foi cortado por um ataque preciso das Forças de Defesa de Israel (FDI). O alvo era um prédio residencial onde líderes do escritório político do Hamas se reuniam.
Batizada de "Encontro de Fogo", a operação mirou figuras-chave do grupo, apontadas como responsáveis pelo ataque de 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 israelenses.
As FDI afirmaram usar munições de precisão para reduzir danos civis. Enquanto o canal saudita Al-Hadath reporta a morte de líderes terroristas como Khalil al-Hayya, Zaher Jabarin, Muhammad Darwish e Khaled Mashaal, a Al-Jazeera sustenta que os líderes sobreviveram.
Israel assumiu plena responsabilidade pela ação, descrita como independente. O Canal 12 revelou que o ataque teve o aval do presidente dos EUA, Donald Trump.Também afirmou que o principal alvo era Khaled Mashaal, chefe do Hamas no exterior. Mashaal, aliás, já escapara de uma tentativa de assassinato em 1997, na Jordânia, que azedou as relações entre os dois países.
O Catar, peça central no xadrez geopolítico do Oriente Médio, reagiu com indignação. O porta-voz da chancelaria, Majed Al Ansari, classificou o ataque como uma violação das leis internacionais, atingindo residências de membros do Hamas.
Doha alertou que não irá tolerar ameaças à sua soberania. O país já foi alvo de um bombardeio iraniano contra a base americana de Al Udeid em junho de 2025.
A condenação ecoou entre nações árabes: Arábia Saudita ofereceu apoio irrestrito, Emirados Árabes denunciaram uma escalada perigosa, Egito lamentou o impacto nas negociações de paz, Kuwait defendeu a soberania catari, e o Iraque exigiu ação internacional.
A Liga Árabe, unindo 22 países, acusou Israel de desafiar normas globais.
O Catar, apesar de sua pequena extensão territorial, é extremamente importante no tabuleiro geopolítico. Desde 2012, o país abriga o escritório político do Hamas.
David Roberts, do King’s College de Londres, explica que Doha usa a mediação como estratégia para garantir relevância e segurança, já que seu poder militar é limitado.
Além disso, o país financia ajuda humanitária em Gaza e mantém canais indiretos com Israel, apesar da ausência de laços formais.
O ataque em Doha ocorre em um momento crítico. Líderes do Hamas discutiam uma proposta de cessar-fogo mediada por Catar e Egito, apresentada pelo enviado de Trump, Steve Witkoff. O plano previa o fim da guerra e a retirada israelense de Gaza após a libertação de reféns, mas um oficial do Hamas rejeitou a proposta, chamando-a de "rendição humilhante".
O bombardeio israelense se soma a outras ações recentes, como os ataques à prisão de Evin, no Irã, no mesmo dia, indicando uma expansão dos alvos de Israel.
A guerra, iniciada em 2023, já dizimou grande parte da liderança do Hamas em Gaza, incluindo Ismail Haniyeh, morto no Irã em 2024.
Contudo, os líderes em Doha se consideravam protegidos. Agora, o ataque expõe as tensões de uma região onde interesses globais e regionais se chocam.
Doha, um oásis de riqueza em um deserto de conflitos, enfrenta o desafio de manter sua influência diplomática enquanto lida com as consequências de ser palco de disputas internacionais.
O ataque de Israel não é apenas um golpe contra o Hamas, mas um evento que reverbera no equilíbrio frágil do Oriente Médio, onde cada movimento é calculado e cada resposta pode redefinir o futuro.
Não é fácil compreender um conflito com camadas históricas, religiosas, territoriais e políticas.
A maioria dos especialistas do Oriente Médio tem um consenso sobre o conflito entre Israel e Hamas: o ocidente possui uma visão nebulosa sobre o que acontece no Oriente Médio.
A relação entre as sociedades dessa região é complexa e não cabe nas simplificações políticas que são adotadas na visão de franceses, brasileiros ou americanos.
Para analisar o Oriente Médio, é preciso ajustar a lente para a lógica da região. Por esse motivo, a Brasil Paralelo mobilizou a sua equipe para ir até o local e ouvir as pessoas que de fato vivem essa realidade, produzindo o filme From The River To The Sea, Entenda a Guerra em Israel.
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