O governo Milei sofreu sua primeira derrota nas urnas durante as eleições legislativas da província de Buenos Aires.
A capital é o maior colégio eleitoral da Argentina e concentra quase 40% das pessoas capazes de votar no país.
Estavam em disputa 46 cadeiras na Câmara de Deputados e 23 no Senado da província, além de cargos municipais.
A coalizão de esquerda peronista Fuerza Patria obteve 47,3% dos votos, já o partido do presidente, La Libertad Avanza (LLA), ficou com 33,7%.
Esse é mais um capítulo da crise política e econômica do país. Entenda o que está acontecendo com a trilogia A Queda da Argentina. Assista o primeiro episódio abaixo:
Milei reconheceu publicamente a derrota. Em discurso transmitido na sede de seu partido, ele anunciou que o governo fará uma autocrítica:
“No plano político, tivemos uma clara derrota. Se quisermos seguir em frente, é preciso aceitar os resultados. Sofremos um revés e é preciso assumi-lo. Isso nos levará a uma autocrítica profunda, na qual corrigiremos os erros que cometemos. Não há opção de repetir os mesmos erros”.
Apesar do reconhecimento, o presidente garantiu que não mudará o rumo de sua política econômica:
“Não recuaremos nem um milímetro. Não só confirmamos o rumo, como vamos acelerá-lo ainda mais. Continuaremos defendendo ferozmente o equilíbrio fiscal, a restrição monetária e o modelo de abertura econômica”.
A ex-presidente Cristina Kirchner apareceu na sacada de seu apartamento na Recoleta, em Buenos Aires, para comemorar.
Ela sorriu e acenou para apoiadores que se concentraram na rua em frente a seu prédio.
A ex-presidente está em prisão domiciliar desde junho por envolvimento em esquemas de corrupção.
Ela publicou uma mensagem com críticas e acusações contra Milei em sua conta no X:
“Viu, Milei? Banalizar o 'Nunca Mais', que representa o período mais negro e trágico da história argentina, não é grátis. Rir da morte e da dor de seus oponentes, tampouco. Mas apontar o dedo e estigmatizar pessoas com deficiência, enquanto sua irmã cobra 3% de propina de seus medicamentos, é letal”.
A frase se refere ao escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência.
Uma série de áudios do ex-diretor da Agência Nacional para Pessoas com Deficiência, Diego Spagnuolo, apontam para um esquema de corrupção.
Nas gravações, Spagnuolo afirma que contratos de fornecimento de medicamentos à rede pública estavam sendo superfaturados em até 8%.
Aproximadamente 3% do valor pago a mais pelos remédios estaria sendo enviado diretamente à irmã do presidente.
De acordo com os áudios, o esquema teria rendido mensalmente entre US$500 mil e US$800 mil dólares em propinas, o equivalente a R$2,7 milhões e R$4,3 milhões.
A principal empresa envolvida na propina seria a distribuidora farmacêutica Suizo Argentina, que intermediava as compras feitas pela agência estatal.
O subsecretário de gestão institucional do governo, Eduardo “Lule” Menem, também estaria envolvido. Ele é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem.
A derrota em Buenos Aires provocou uma forte reação do mercado e impactos na economia.
Na segunda-feira (8), o principal índice da bolsa argentina, o Merval, caiu quase 12%, enquanto o dólar disparou mais de 5% frente ao peso argentino.
O cenário pode se agravar, já que os argentinos voltarão às urnas no próximo dia 26 de outubro para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado nacional.
A eleição é estratégica para o governo, já que atualmente a oposição é maioria no Congresso.
Caso o presidente sofra mais uma derrota, poderá ter ainda mais dificuldades para aprovar suas reformas.
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