João Paulo II afirmava que o cristianismo é essencialmente incompatível com o comunismo.
Para ele, a diferença entre essas duas visões não estava apenas em meios e objetivos, mas encontra raízes morais, espirituais e históricas.
A encíclica Centesimus Annus (1991) sintetiza sua crítica ao socialismo e reafirma os pilares da doutrina social da Igreja.
Segundo o documento, o marxismo nega a verdade sobre o ser humano, destrói a liberdade e substitui a fé em Deus por uma ideologia materialista.
Um trecho afirma que a filosofia erra ao defender que as pessoas são apenas partes de uma sociedade, desconsiderando fatores como a identidade individual:
“O erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal forma que o bem da coletividade se sobrepõe aos direitos da pessoa enquanto tal.”
Já para o cristianismo, o ser humano foi feito à “imagem e semelhança de Deus”, e possui liberdade, consciência, dignidade inviolável e transcende o mundo material:
“A correta concepção da pessoa humana e do seu valor único, enquanto ‘o homem (é) a única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma’. Nele gravou a Sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26), conferindo-lhe uma dignidade incomparável”
O documento também destaca que a Igreja olha para o respeito à liberdade individual como um meio importante para alcançar a dignidade, tese que seria rejeitada pelo socialismo real.
Outro ponto levantado pelo documento é que o marxismo defende a luta de classes como principal força por trás de grandes transformações na história.
Essa filosofia divide a sociedade entre classes opressoras e oprimidas, como burguesia e proletariado.
Os conflitos naturalmente evoluíram ao ponto da classe oprimida se levantar em uma revolução contra os “opressores”, construindo um regime socialista.
João Paulo II rejeita essa lógica, afirmando que a Igreja é clara ao condenar a forma como o marxismo enxerga a luta de classes:
“O que se condena na luta de classes é principalmente a ideia de um conflito que não é limitado por considerações de caráter ético ou jurídico, que exclui, por sua própria natureza, o recurso à razão e à moderação, e que faz do recurso à violência a regra das relações sociais.”
A doutrina cristã defende que os movimentos de trabalhadores lutem por seus direitos, desde que isso seja feito sem atos de violência e ódio e buscando a justiça social.
Assim como seus antecessores, João Paulo II não era favorável ao liberalismo econômico.
Foi em seu papado que o “Compêndio de Doutrina Social da Igreja Católica” foi reunido, deixando clara a posição da Igreja sobre sociedade e economia.
João Paulo II viveu os horrores do totalitarismo, crescendo na Polônia controlada por nazistas e comunistas.
Após ser eleito papa em 1978, ele passou a denunciar a opressão do marxismo sobre o homem e a sociedade.
O Papa foi uma figura-chave para o colapso dos regimes socialistas na Europa, sendo reconhecido por importantes líderes políticos.
Durante uma entrevista em 2009, o ex-presidente e líder do sindicato Solidariedade, Lech Walesa, falou que o papa foi um dos principais responsáveis pela queda do comunismo na Polônia.
“Na verdade 50% da queda do muro está relacionada a João Pablo II, 30% à Solidariedade e Lech Walesa, e apenas 20% ao resto do mundo. Essa era a verdade naquela época e é a verdade agora”
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Em meio à Guerra Fria surgiu uma corrente dentro da Igreja Católica que buscava conciliar conceitos marxistas com a visão cristã.
Essa tentativa ficou conhecida pelo nome Teologia da Libertação e teve uma forte influência na América Latina.
João Paulo II se opôs a essa construção, defendendo que a visão poderia distorcer a fé cristã.
Em um trecho de uma instrução de 1984 sobre o assunto, o papa destaca a importância da caridade, mas fala sobre o risco de pôr a dignidade humana em risco para combater a miséria:
“O zelo e a compaixão, que devem ocupar um lugar no coração de todos os pastores, correm por vezes o risco de se desorientar ou de serem desviados para iniciativas não menos prejudiciais ao homem e à sua dignidade do que a própria miséria que se combate, se não se prestar suficiente atenção a certas tentações.”
Durante uma conversa com os bispos latino-americanos em 2 de fevereiro de 1980, ele também defendeu que a Igreja não precisa de ideologia para “libertar” o povo:
“A Igreja não necessita de recorrer a sistemas e ideologias para amar, defender e colaborar na libertação do homem... A libertação cristã usa meios evangélicos com a sua eficácia peculiar e não recorre a algum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes... ou à práxis ou à análise marxista”
João Paulo II seguiu defendendo que trazer esse tipo de ideias para a Igreja pode causar a politização e distorção da fé:
“Suas consequências são a total politização da existência cristã, a dissolução da linguagem da fé na das ciências sociais e o esvaziamento da dimensão transcendental da salvação cristã”.
A Centesimus Annus defende que uma das principais raízes dos regimes totalitários do século XX foi o crescimento do ateísmo.
Segundo o documento, quando o homem perde a crença em uma verdade maior universal, ele abre espaço para que cada grupo busque seus próprios interesses, gerando conflitos e criando um solo fértil para o autoritarismo:
“o totalitarismo nasce da negação da verdade em sentido objectivo: se não existe uma verdade transcendente, na obediência à qual o homem adquire a sua plena identidade, então não há qualquer princípio seguro que garanta relações justas entre os homens. Com efeito, o seu interesse de classe, de grupo, de Nação, contrapõe-nos inevitavelmente uns aos outros.”
Para João Paulo II, quando Deus é removido da vida pública, a política se torna tecnocrática e a justiça é substituída pela força.
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