O Congresso abriu uma CPI para investigar o papel de influenciadores na divulgação de bets online e o impacto dessa publicidade sobre o público.
A comissão analisa se celebridades da internet incentivaram práticas de jogo irresponsáveis, especialmente entre menores de idade e pessoas vulneráveis ao vício.
Além disso, os parlamentares investigam eventuais irregularidades nos contratos de publicidade firmados entre os influenciadores e as empresas de apostas.
As apostas esportivas e jogos de azar virtuais estão levantando sérias preocupações sobre endividamento, vício e o impacto social.
O Brasil se tornou o país que mais acessa sites de jogos de azar no mundo, respondendo por 15% do tráfego global em 2024, segundo dados da SimilarWeb.
O país também é considerado o sétimo maior mercado global em termos de receita movimentada pelas apostas.
A popularidade das "bets" no país supera investimento tradicionais. Um estudo do Banco Central revelou que cerca de 24 milhões de brasileiros realizaram ao menos uma transferência via Pix para empresas de apostas apenas em agosto de 2024.
Com isso, as apostas online movimentaram aproximadamente R$ 20,8 bilhões em um único mês e geraram um lucro estimado em R$3,12 bilhões para as plataformas.
Em contraste, dados do Raio-X da Anbima de 2023 mostram que enquanto 14% da população fez alguma aposta online naquele ano, enquanto apenas 2% aplicaram recursos na Bolsa de Valores.
O único investimento que ainda supera as bets em popularidade é a tradicional caderneta de poupança, com 25% de adeptos.
O dinheiro que antes circulava em outros setores agora encontra um novo destino nas "bets", diminuindo o consumo e causando endividamento.
Entre 2018 e 2023, por exemplo, o peso das apostas no orçamento doméstico dos brasileiros triplicou, saltando de 0,2% para 0,7%, segundo a consultoria Strategy&.
Isso representa cerca de 38% dos gastos com lazer e cultura, além de 4,4% das despesas com alimentação para quem joga.
Essa realocação de recursos é sentida no comércio. Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que 46% dos apostadores admitem já ter deixado de comprar algum produto ou serviço para poder apostar.
Setores como vestuário, restaurantes e viagens são os primeiros a sentir o impacto.
Mais grave ainda, o pagamento de contas essenciais também é comprometido, 15% dos jogadores já deixaram de quitar boletos para usar o dinheiro nas apostas.
Em São Paulo, um estudo da Fecomércio-SP revelou que 20% dos apostadores destinariam os valores das bets ao pagamento de contas, caso não estivessem envolvidos com os jogos.
Um levantamento da fintech Klavi com 5 mil clientes bancários mostrou que, nos últimos 12 meses, 30% buscaram empréstimos e destinaram parte do valor a apostas.
Os números já refletem essa tendência: dados do BC de agosto de 2024 indicaram uma alta no crédito em atraso e na inadimplência superior a 90 dias, o maior nível desde outubro de 2023.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros gastaram cerca de R$68,2 bilhões em "bets", 0,62% do PIB.
As apostas teriam levado 1,3 milhão de pessoas à inadimplência, com potencial de reduzir a atividade varejista em até 11,2%.
Um relatório do Banco Central apontou que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram, juntos, R$ 3 bilhões do auxílio para casas de apostas virtuais apenas em agosto de 2024.
Deste grupo, 4 milhões eram os próprios chefes de família, responsáveis diretos pelo recebimento da renda governamental.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) alerta que esses números podem estar subestimados, pois consideram apenas transações por Pix, omitindo outros meios de pagamento.
Em abril, o governo federal anunciou que vai implementar medidas para evitar que os beneficiados pelo Bolsa Família usem o recurso para apostar. A medida ainda está em fase de implementação.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
A Brasil Paralelo traz as principais notícias do dia para todos os inscritos na newsletter Resumo BP.
Tenha acesso às principais notícias de maneira precisa, com:
O resumo BP é uma newsletter gratuita.
Quanto melhor a informação, mais clareza para decidir.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP