Entre dezenas de cardeais vestidos de vermelho, uma única figura destoava na Capela Sistina.
Não usava batina vermelha nem se dirigia ao trono reservado aos eleitores. Mas, no momento do Extra Omnes, quando todos que não participam da votação devem sair, ele permaneceu.
Frei Raniero Cantalamessa, de 89 anos, permaneceu sentado, em silêncio.
Embora nomeado cardeal pelo papa Francisco em 2020, pediu dispensa do uso das insígnias e direitos relacionados ao cardinalato. Não vota no conclave, mas foi o único autorizado a ficar: sua missão era outra.
Ele foi convidado a conduzir uma breve meditação para os cardeais antes do início da votação. Sua presença, discreta e simbólica, recordou aos eleitores o que está em jogo, não apenas uma escolha política, mas um ato espiritual com peso histórico.
Raniero Cantalamessa nasceu em 1934, na Itália. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos ainda jovem.
Doutor em Teologia e licenciado em Letras Clássicas, lecionou na Universidade Católica de Milão e participou como perito do Concílio Vaticano II.
Em 1980, foi nomeado pregador da Casa Pontifícia por João Paulo II, cargo que manteve nos pontificados de Bento XVI e Francisco. Trata-se da única figura autorizada a pregar diretamente ao Papa e à Cúria Romana, durante os tempos fortes da liturgia.
Ao longo de mais de quatro décadas, Frei Raniero conduziu centenas de reflexões para os três últimos pontífices. Em suas meditações, combinava profundidade teológica com linguagem acessível, centrada na conversão pessoal, na vida no Espírito e na centralidade de Cristo.
Além da pregação, Frei Raniero é autor de mais de 40 livros traduzidos em diversos idiomas. Entre os títulos mais conhecidos estão:
Suas obras abordam desde o papel do Espírito Santo na vida cristã até reflexões sobre a Igreja primitiva, a Eucaristia, a cruz e a renovação carismática. Muitos de seus livros nasceram das meditações que ele próprio proferiu para os papas.
Em 2020, o papa Francisco o nomeou cardeal. No entanto, por vontade própria, Cantalamessa recusou o uso das vestes e privilégios associados ao cardinalato.
Continuou vivendo em simplicidade como frade capuchinho, residindo no convento dos capuchinhos em Roma.
Em entrevista na época, declarou que aceitava a dignidade “como sinal de confiança e carinho do Papa”, mas preferia seguir sem a batina vermelha.
Seu gesto nesta quarta-feira, permanecer na Capela Sistina para conduzir uma meditação breve antes do início da votação, recupera uma prática tradicional.
Antes de se iniciarem os escrutínios, os cardeais são convidados a refletir espiritualmente sobre a missão que assumem.
Diante da monumental cena de Michelangelo e da responsabilidade de escolher o novo sucessor de Pedro, Cantalamessa ofereceu aos cardeais a recordação de que, acima dos debates e alinhamentos, há uma dimensão espiritual no conclave.
A permanência de Frei Cantalamessa dentro da Capela Sistina, sem direito a voto e sem os trajes de cardeal, chamou atenção por contrastar com o rito tradicional do conclave.
Embora fora da lista de eleitores, ele foi convidado a conduzir uma breve meditação antes do início da votação, reforçando a dimensão espiritual que acompanha o processo.
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