Mais de 150.000 pessoas foram às ruas de Srebrenica, na Bósnia-Herzegovina, para relembrar os 30 anos do massacre que aconteceu na cidade durante a Guerra da Bósnia.
As cerimônias foram marcadas por denúncias do fracasso da comunidade internacional em impedir o genocídio.
Durante o evento, os restos mortais de sete vítimas recentemente identificadas foram enterrados no Cemitério Memorial de Srebrenica-Potocari, juntando-se aos mais de 6.700 corpos já sepultados no local.
A busca por desaparecidos continua. Cerca de 1.000 das 7.581 pessoas ainda desaparecidas da guerra podem ter sido mortas em Srebrenica.
No dia 11 de julho de 1995, mais de 8.300 homens e meninos muçulmanos bósnios foram assassinados pelas tropas sérvias, lideradas pelo comandante Ratko Mladić.
O episódio é considerado o maior massacre em território europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
O massacre foi o ápice de uma campanha de "limpeza étnica" promovida pelos sérvios da Bósnia contra os bósnios muçulmanos.
Após o fim da Iugoslávia comunista, a população sérvia no país pegou em armas para criar seu próprio Estado.
Em meio a combates entre milícias sérvias e muçulmanas, a ONU interveio e estabeleceu uma série de “zonas seguras” ao redor do país.
A cidade de Srebrenica, que abrigava cerca de 40 mil muçulmanos bósnios, havia sido incluída como uma dessas áreas em 1993.
Lá havia um contingente de aproximadamente 300 capacetes azuis holandeses destacados para proteger a população.
No entanto, em julho de 1995, as forças sérvias invadiram a cidade e as tropas da ONU não conseguiram fazer nada para impedir.
Nos dias seguintes, os sérvios separaram os homens e meninos e os levaram para campos e florestas próximas da cidade, onde foram fuzilados.
Os corpos foram enterrados em valas comuns, que mais tarde foram escavadas com tratores para espalhar os restos mortais e esconder as evidências do crime.
A comunidade internacional reconheceu seu fracasso em Srebrenica. O secretário-geral da ONU, António Guterres, em mensagem lida na cerimônia disse:
"Admitimos a grave verdade. Falhamos há 30 anos".
O ministro das Relações Exteriores dos Países Baixos, Caspar Veldkamp, também declarou:
"Estamos envergonhados. Nós, a comunidade internacional, falhámos em protegê-los."
O massacre é reconhecido como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça e pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia, mas ainda existe negação.
Ratko Mladić e o líder político dos sérvios bósnios, Radovan Karadžić, foram condenados à prisão perpétua por crimes contra a humanidade.
Houve grande comoção popular contra as prisões nas regiões sérvias no país, onde eles ainda são vistos como heróis nacionais.
Em maio do ano passado, a Assembleia-Geral da ONU designou 11 de julho como o Dia Internacional de Reflexão do Genocídio em Srebrenica, em uma tentativa de combater a negação do episódio.
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