Trump publicou em suas redes sociais uma defesa de Bolsonaro, alegando que o ex-presidente é alvo de perseguição política.
O presidente fez uma publicação em suas redes sociais defendendo Bolsonaro e afirmando que o ex-presidente enfrenta perseguições políticas:
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Tenho assistido, como o mundo inteiro, enquanto o perseguem dia após dia, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo.”
O presidente americano ainda afirmou que o julgamento de Bolsonaro não passa de um ataque político e comparou com sua situação antes da eleição no ano passado:
“Essa é nada mais, nada menos, que uma perseguição a um oponente político — algo que conheço muito bem!”
Trump também defendeu que Bolsonaro possa competir nas eleições de 2026, afirmando que cabe ao povo julgar o ex-governante:
“O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelo povo do Brasil — isso se chama eleição. DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!”
Lula respondeu com um post em suas redes sociais, na qual afirmou que não aceitará interferência externa na política brasileira:
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito.”
Também afirmou que o presidente dos Estados Unidos deve “dar palpite em sua vida em não na nossa”, durante conferência dos BRICS:
A mensagem de Trump não mencionou nenhuma autoridade brasileira de forma direta.
Especialistas analisam a declaração como um recado ao governo brasileiro. Em entrevista exclusiva à Brasil Paralelo, o professor Adriano Gianturco afirmou que, embora a crítica pareça dirigida ao Judiciário, pode ser interpretada como uma mensagem ao Executivo, devido ao atual alinhamento entre os dois poderes.
“Apesar do recado tecnicamente ser endereçado para o judiciário brasileiro, do ponto de vista político, sabemos que tem um certo alinhamento entre o Judiciário e o Executivo neste momento e aí de fato pode ser visto como uma crítica, uma crítica ao executivo de Lula, ao grupo de Lula.”
O professor Adriano Cerqueira que, assim como Gianturco atua no IBMEC afirma que o conteúdo da mensagem representa uma afronta indireta, mas clara ao governo:
“Eu acho que é um recado ainda indireto, vamos colocar assim, porque não chega a nominar claramente nem Lula, nem o governo brasileiro, nem outras autoridades, mas acho que o recado foi dado.”
Adriano Gianturco explica que esse tipo de manifestação representa uma nova forma de comunicação política entre líderes mundiais, chamada diplomacia digital:
“As redes sociais que podem por um lado ser algo muito trivial, banal, por outro lado assumem um papel político muito importante, isso já é uma realidade há alguns anos.”
Segundo ele, as declarações de Trump podem ir além da retórica e se transformar em medidas concretas.
“Pode ser só uma declaração, mas pode vir essa medida concreta. Inclusive, caso venha essa medida concreta, é até mais honesto que antes tenha declarações, um alerta dado, do que uma medida do nada.”
Um dos exemplos que ele mencionou foi a possibilidade do uso da Lei Magnitsky, que permite aos EUA imporem sanções contra autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos.
O professor Cerqueira comentou que a possibilidade dessa lei ser utilizada contra autoridades brasileiras é real e tem sido levantada pelo Partido Republicano.
“Há uma expectativa com relação às sanções contra autoridades brasileiras, sanções essas que já foram explicitadas em falas de representantes do Partido Republicano, inclusive o secretário de Estado Marco Rubio. A lei Magnitsky é a sanção mais poderosa, que pode ser acionada e já foi utilizada contra autoridades de outros países que também acredita que a fala de Trump prepara o terreno para uma possível escalada nas relações diplomáticas.”
Ele também explicou que o governo americano poderia tomar outras atitudes para pressionar as autoridades brasileiras, como tarifas contra o país e cobrança de representantes diplomáticos.
Os dois professores destacaram que as relações entre Lula e Trump não são tão boas.
Gianturco relembra que o presidente brasileiro criticou Trump ao longo da campanha presidencial no ano passado e depois disso:
“Sabemos que Lula fez várias declarações com críticas muito duras contra Trump na campanha eleitoral e depois, quebrando qualquer protocolo político. Hoje há relações muito, muito negativas.”
O professor também destacou que Lula é um dos únicos líderes de um país importante que ainda não se encontrou presencialmente com Trump.
Cerqueira também destaca que a postagem de trump aconteceu em um momento delicado, pouco tempo depois de Trump criticar a postura dos BRICS:
“A declaração do Trump acontece logo após ele também falar que o BRICS não estão sendo amigável com os Estados Unidos, e ameaçar sanções tarifárias, contra países que seguirem a linha do bloco.”
Para ele, posturas do governo brasileiro que vão contra os interesses americanos podem piorar a relação entre os dois países:
“Eu acho que o apoio de Lula ao Irã, as condenações que Lula e o governo brasileiro têm feito contra Israel, tudo isso está piorando ainda mais as relações entre os dois presidentes.”
Apesar da relação entre os dois líderes ser complicada, os EUA são o segundo parceiro econômico mais importante para o Brasil, atrás apenas da China.
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