MST invadirá mais terras este mês. Entenda o que é “Abril Vermelho”

Mês foi escolhido por causa de um enfrentamento entre membros do grupo e policiais em 1996

O MST diz que o período faz referência ao confronto de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996. 

Naquele dia, uma operação da Polícia Militar para liberar uma estrada bloqueada acabou com a morte de 21 militantes e dezenas de feridos. 

O episódio teve enorme repercussão e é chamado pelo MST e seus simpatizantes de "Massacre". 

Como resposta, o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou um ministério específico para a reforma agrária e sancionou uma lei que transformou o 17 de abril no "Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária".

As táticas em ação: invasões, bloqueios e alvos Concretos

A principal tática do MST para o Abril Vermelho é aumentar o número de invasões de terras ao redor do país.

Este ano o grupo fez 24 invasões em 11 unidades da federação com apenas 9 dias do mês de abril.

O presidente da União Agro Bahia (UNAGRO), Luciano Andrade, disse ao portal Notícias Agro que já foram realizadas mais de 80 invasões no extremo Sul da Bahia. 

Dentre as propriedades que foram invadidas consta uma fazenda experimental da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), na zona rural de Mossoró. 

A fazenda foi ocupada fica nas no Núcleo de Geração e Transferência de Tecnologia em Produção Animal do Semiárido (NUTESA). 

De acordo com informações locais, os membros do movimento invadiram a área alegando que estava desativada há mais de 3 anos.

Nesta segunda-feira (14), militantes bloquearam trechos da BR-104, em União dos Palmares, e da BR-101, em Teotônio Vilela, em Alagoas.

O movimento afirma que aproximadamente 10 mil famílias estão prontas para novas ocupações e planeja ampliar bloqueios de estradas e manifestações.

O confronto político: reações e críticas

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) critica duramente as ações, classificando-as como criminosas e cobrando do governo federal uma postura mais firme. 

"Cada um controla os seus aliados. Com essas invasões do MST, que tem cargos e está nos ministérios e no Planalto, é assim que o governo federal diz querer paz no campo?", questionou o presidente da FPA, Pedro lupion.

Diversos governadores têm se posicionado contra as ações do movimento em seus estados. 

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem condenado as invasões promovidas pelo movimento e fala em uma política de tolerância zero:

“Temos tolerância zero com invasores de terra e queremos um Abril Verde, de produção”.

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), chegou a falar que o retira invasões dentro de 24 horas:

O governo também anunciou a criação do Movimento dos Trabalhadores Com Terra (MCT) e fala em fazer um “Abril Amarelo”:

“Quer terra, conquiste com o suor de seu rosto. Aqui todo mundo trabalhou para ter”.

O governo federal não tem se posicionado diretamente sobre o Abril Vermelho. O Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, chegou a defender o MST durante uma audiência no Senado no dia 8 de abril:

“Não temos conhecimento de que tenha sido considerado terroristas, tenho visto ações de cooperativas que produzem leite, arroz orgânico, produtos industrializados.”, respondeu após ser questionado pelo senador Jorge Seif (PL-RJ).

A Brasil Paralelo vai investigar o MST em um documentário inédito sobre o grupo. Aguarde para receber mais informações

O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros

Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa. 

Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos. 

Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo. 

Clique aqui.