Uma grande cerimônia na capela Imperial marcava a entrega de um presente mais do que especial ao Brasil: a Rosa de Ouro. Essa é uma grande honraria da Igreja Católica que já foi presente para líderes, países e santuários que prestaram serviços em prol da humanidade.
A pessoa presenteada foi a Princesa Isabel, pela assinatura da Lei Áurea no dia 13 de maio de 1888. Essa lei era simples e, em apenas dois artigos, acabava com a escravidão e revogava todas as leis que contrariavam essa decisão.
A lei não surgiu de forma rápida. A abolição no Brasil foi um processo que durou todo o século XIX e envolveu pessoas de diferentes setores. Desde escravos, religiosos, políticos, atores e jornalistas. A Lei Áurea é vista como a cereja do bolo de um processo longo e complexo.
“Dividido em três grandes ondas: a primeira, a luta contra o tráfico, culminando na Lei de 1850; a segunda, pelo fim gradual do cativeiro, resultando na Lei de 1871; e a terceira, o movimento abolicionista propriamente dito, que levou à Lei de 13 de Maio.”, explicou o historiador Luiz Ottoni no artigo Solapando a Escravidão: a abolição segundo Joaquim Nabuco no livro O Abolicionismo (1883).
A data escolhida para a entrega da Rosa de Ouro não foi ocasional, ela marcava o aniversário da Lei do Ventre-livre, assinada no dia 28 de setembro de 1871.
Estiveram presentes na cerimônia a Princesa Isabel, Dom Pedro II, Dona Teresa Cristina, Conde d’Eu, a princesa da Baviera e várias outras autoridades religiosas e membros da nobreza da época.
O jornal A Gazeta da Tarde noticiou o evento e descreveu que:
Transcrição: “[a capela estava] ornamentada de todo o luxo, de um modo deslumbrante, a velha igreja tem o seu interior e exterior decorados por custosos estofos de veludo, presas a festões de flores delicadamente trabalhados e apresentando o mais belo e imponente aspecto o templo onde a monarquia tem celebrado as suas melhores solenidades”
Além da homenagem recebida pela Princesa Isabel, outros políticos importantes para o processo também foram homenageados. Veja o trecho:
O Jornal Gazeta da Tarde noticiou que a princesa Isabel recebeu a Rosa de Ouro como presente do papa Leão XIII. Imagem: Jornal Folha da Tarde, (dia, mês e ano).
Transcrição: “Foram agraciados pelo chefe da igreja católica e em comemoração da solenidade da Rosa de Ouro, conferida a Sua Alteza Isabel, a Redentora: Oliveira, presidente do conselho. Com a gran-cruz da ordem de S.Gregori Magno: os conselheiros Rodrigo Augusto da Silva, ministro de estrangeiros, e Antonio Ferreira Vianna, ministro da justiça.”
Hoje, a Rosa de Ouro pode ser encontrada no acervo do Museu de Arte Sacra do Rio de Janeiro. Veja a foto abaixo:
No dia 5 de maio de 1888, às vésperas da assinatura da Lei Áurea, o Papa Leão XIII dirigiu-se diretamente ao Brasil com uma mensagem clara e inédita: a escravidão precisava acabar.
Foi nessa data que ele enviou aos bispos brasileiros a carta apostólica In Plurimis, escrita exclusivamente para o país, em um dos momentos mais decisivos de sua história.
A carta não era apenas um apelo moral, era um gesto político, pastoral e simbólico. Leão XIII elogiava o avanço do Brasil rumo à abolição e chamava a escravidão de uma “mancha” a ser apagada:
“Vós, ilustres irmãos, tendes a glória de ter contribuído de modo importante para apagar essa mancha da escravidão do vosso país.”, diz o documento.
Diferente de outros países, onde a abolição veio acompanhada de guerra civil e ruptura violenta, o papa destacou a singularidade brasileira: a libertação ocorreu sem sangue, com festa popular e conciliação. Era, segundo ele, um motivo de orgulho nacional:
“O Brasil pode se vangloriar de ter agido com moderação e justiça: sem guerras civis, sem represálias, com festas, as correntes caíram.”, disse ele na Bula In Plurimis.
Esse olhar atento ao contexto local, segundo o pesquisador Ivanaldo Santos, revela o peso político do documento. A carta foi lida em igrejas, publicada em jornais e repercutida entre os aliados da monarquia, incluindo dom Pedro II e a princesa Isabel. Era, nas palavras do autor, “uma doutrina católica da libertação dos escravos”.
A escolha do nome do atual Papa foi uma homenagem ao Papa Leão XIII. Ele afirma que assim como Leão XIII enfrentou os desafios relacionados ao trabalho naquele tempo, a igreja precisaria enfrentar os desafios atuais que se apresentam, principalmente com o avanço da tecnologia.
A história da Igreja está intimamente ligada com o que a instituição é hoje. Assim como Leão XIII teve uma atuação marcante, o atual Papa Leão XIV também se recorda de João Paulo II. O homem que ocupou o cargo de chefe da igreja católica em plena guerra fria.
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