O que motivou a condenação?
A crise que culminou na condenação começou em julho de 2024, quando estudantes tomaram as ruas contra um sistema de cotas que reservava um terço dos cargos públicos a familiares de veteranos da guerra de independência de Bangladesh.
A revolta ganhou força e se transformou em um movimento nacional contra o governo Hasina.
Segundo a acusação, a então primeira-ministra autorizou o uso de força letal, inclusive com drones e helicópteros.
O Tribunal afirmou que ficou “cristalino” que ela incitou e ordenou ataques contra manifestantes, além de não punir os responsáveis.
A ONU estima que até 1.400 pessoas tenham morrido, e outras milhares tenham ficado feridas.
Hasina nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição política promovida pelo atual governo interino, liderado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Julgamento sob críticas
O julgamento ocorre sob forte tensão política. O partido de Hasina, a Liga Awami, foi proibido de participar das próximas eleições e convocou paralisações em protesto contra a decisão.
A defesa da ex-premiê afirma que o tribunal é ilegítimo, e entidades como a Human Rights Watch questionaram a lisura do processo.
A ONG divulgou uma carta na qual pede que o caso seja levado a uma corte internacional para garantir que não haja interferência política.
A ex-premier se manifestou sobre a decisão e fez duras críticas ao governo de Bangladesh:
“As sentenças anunciadas contra mim foram decididas por um tribunal ilegal, nomeado e presidido por um Governo que não foi eleito e não tem mandato democrático… Este veredicto de culpada foi predeterminado. Não tenho medo de enfrentar os meus acusadores perante um tribunal imparcial, no qual as provas possam ser vistas de forma honesta”.
Apesar disso, o governo interino defende a condenação como um marco para a responsabilização de abusos do passado.
O Estado afirma que o julgamento representa uma tentativa de restaurar a confiança nas instituições democráticas do país.
Um capítulo decisivo na história de Bangladesh
Hasina foi a primeira-ministra que mais tempo permaneceu no poder em Bangladesh, governando o país de 1996 a 2001 e de 2009 até 2024.
Ela é filha do líder da independência, Sheikh Mujibur Rahman, assassinado durante um golpe em 1975.
Bangladesh teve um forte crescimento econômico durante o governo de Hasina, mas também foi marcado por denúncias de autoritarismo, prisões de opositores e censura.
O tribunal determinou que ela pode recorrer da sentença apenas se se entregar ou for capturada nos próximos 30 dias. A Índia ainda não respondeu os pedidos de extradição.