As estimativas dos especialistas sobre o "tarifaço"
Três estudos apontam para um cenário no qual a maioria dos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos ainda sentirá os efeitos do aumento tarifário.
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), os produtos brasileiros que foram excluídos do "tarifaço" geraram R$103.2 bilhões em receitas.
Isso corresponde a 43,4% do total vendido para aquele país. A Amcham Brasil reforçou em nota que a isenção não acaba com os problemas causados pelas tarifas:
"embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira".
A entidade alertou que os produtos que não foram isentos ainda podem causar problemas para empresas brasileiras:
"Os produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor".
Por sua vez, a Leme Consultores calculou que as mercadorias que permanecerão livres do tarifaço representam 44,6% do que o Brasil exportou para os EUA no ano passado.
Isso indica que a maior parte da pauta de exportação brasileira ainda será penalizada pela medida.
Já a BMJ Consultoria apresentou uma estimativa um pouco mais conservadora, apontando que a lista de exceções engloba aproximadamente 40% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Independentemente da pequena variação entre os estudos, o consenso é que a maior parte do volume de produtos exportados para os EUA será afetada.
Os principais produtos que receberam isenção
A Amcham fez um levantamento dos principais produtos vendidos para os EUA que receberam isenção de impostos.
Veja a lista com o valor exportado para os EUA ao longo de 2024:
- Petróleo bruto – R$27.8 bilhões
- Ferro-gusa não ligado – R$8.6 bilhões
- Celulose não conífera – R$7.5 bilhões
- Aeronaves até 15.000 kg – R$6 bilhões
- Gasolina leve – R$4.4 bilhões
- Óleos combustíveis – R$4.4 bilhões
- Aeronaves acima 15.000 kg – R$4.2 bilhões
- Suco de laranja não concentrado – R$3.7 bilhões
- Minério de ferro aglomerado – R$2.3 bilhões
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 12% das exportações brasileiras de 2024 foram para os EUA.
Esse valor representou aproximadamente R$224 bilhões ao longo do ano passado, colocando o país como o segundo maior destino dos produtos nacionais, atrás apenas da China.
Um levantamento do IBGE aponta que a China importou cerca de 28,6% dos produtos brasileiros enviados para o exterior ao longo do primeiro semestre de 2025.
Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa, o Brasil enviou o equivalente a R$418 bilhões para o país ano passado.