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Sociologia
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O que é o politicamente correto? O termo reflete uma disputa para moldar o futuro da sociedade

Explore a origem e o impacto do politicamente correto nas redes sociais, na mídia e na cultura atual. Uma análise que vai te fazer pensar diferente.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
23/4/2025 11:32
Capa: reprodução Instagram.

Já ouviu alguém dizer que “o mundo está chato demais” ou que “não se pode mais dizer nada”? Por trás dessas frases se encontra um dos grandes temas do mundo moderno: o  politicamente correto. 

Mas afinal, o que é politicamente correto? E por que esse conceito causa tanto incômodo, elogios e debates acalorados?

Os efeitos do politicamente correto são tão intensos que seus defensores chegaram a modificar a linguagem, fazer pessoas perderem o emprego, e chegaram a dividir populações de países. Para uns, é uma forma de respeito e inclusão, para outros, é censura e ideologias disfarçadas. O que está realmente em jogo nessa discussão?

Entenda agora a origem do politicamente correto, as principais críticas e argumentos favoráveis e o que está realmente em jogo.

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O que você vai encontrar neste artigo?

O que significa ser politicamente correto?

Clive Hamilton, professor de Ética Pública da Universidade Charles Sturt, na Austrália, diz que o politicamente correto nasceu como uma paródia entre membros da esquerda. Eles teriam retirado o termo de textos comunistas chineses, principalmente sobre a Revolução Cultural.

O professor afirma: 

“A frase 'isso é politicamente incorreto' era dita de forma irônica, mas ela também tinha uma intenção séria: desafiar o outro a pensar sobre o poder social da palavra e os estragos que ela poderia causar. 

À medida que essa forma de policiamento linguístico se espalhou, tornou-se um meio altamente eficaz de enfrentar os preconceitos profundamente enraizados embutidos nas palavras e expressões cotidianas”.

Hamilton ainda diz que o sentido político do politicamente correto se referia ao fato de que o movimento buscava mudanças em uma sociedade com falas e atitudes homofóbicas, sexistas e racistas. 

As palavras consideradas ofensivas na época não eram censuradas. Segundo o Dicionário Conciso de Política da Universidade de Oxford, esse movimento promovia discursos antirracistas e antissexistas no meio universitário. Seus apoiadores também promoviam protestos e multiculturalismo. 

Politicamente correto se tornou a luta de classes do século XXI

De acordo com Wilson Gomes, pesquisador e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), movimentos identitários têm o politicamente correto como conceito íntimo. Na visão do pesquisador, o identitarismo assumiu o lugar da luta de classes, tornando-se a pauta da esquerda moderna

Em essência, o conflito permanece o mesmo. No marxismo tradicional, trabalhadores enfrentavam capitalistas pelo controle dos meios de produção. No atualmente conhecido como marxismo cultural, essa luta entre oprimidos e opressores continua

A principal diferença é que no lugar do capitalista estão os homens, os brancos e os héteros como classes dominantes. Em oposição a eles, em vez de haver um proletário, tem-se uma mulher, um negro ou um homossexual.

Da perspectiva identitária, a opressão se encontra em todas as esferas da sociedade. Seus militantes têm como tarefa “despertar” os membros das minorias para o fato de que são explorados. 

É o que ficou conhecido em solo americano como cultura woke. Uma vez despertos para sua verdadeira posição, as minorias seriam motivadas a lutar por condições melhores. 

Wilson Gomes afirma: 

"Um dos aspectos da luta identitária diz respeito à disputa na linguagem, a disputa pela denominação das coisas, pelo modo como eles próprios são denominados. É uma luta para que tenha uma linguagem respeitosa da identidade e que, portanto, reflita essa identidade. É uma luta de uma certa maneira pela polícia vocabular, como patrulhas ideológicas, constrangimentos etc. Porque o constrangimento é importante para essa luta"

Roger Scruton X Politicamente correto 

Em entrevista à BBC, Scruton afirma que o politicamente correto parece uma forma de lutar contra injustiças, “mas na realidade se trata de criar vítimas” e usar isso para tomar o poder político.

Seus apoiadores são "especialistas em se ofender, mesmo que não tenha havido ofensa".

"Eles são a voz de uma justiça inquestionável. Seu objetivo é intimidar seus oponentes, expondo-os à humilhação pública", disse o autor britânico.

Scruton trata o politicamente correto como uma filosofia que não se importa em ouvir contra-argumentos. Quem o propaga teria o costume de acusar e condenar automaticamente, sem presunção de inocência. Além disso, o crime não seria nada além de ter uma opinião divergente. 

Scruton usa o termo “crime de pensamento”, fazendo alusão ao livro 1984, em que o Estado totalitário que regula a opinião das pessoas.

O inglês ainda traz um novo argumento para o debate quando diz que a perda da liberdade de expressão não é culpa somente do politicamente correto, mas também da natureza humana que tende a buscar bodes expiatórios para seus próprios erros e problemas.

Segundo ele, quando há uma grande desconfiança entre as pessoas, elas procuram culpados por instinto, numa tentativa de se unir contra o problema. No entanto, o que acontece é uma troca de acusações sem fundamento. 

Percebe-se então uma semelhança entre os Republicanos americanos e conservadores ingleses: ambos os públicos acreditam que o politicamente correto passou dos limites. São pessoas com saudade de velhos tempos em que podiam falar sem se preocupar em serem censurados. 

Jordan Peterson X Politicamente Correto

Outro pensador que compartilha uma visão crítica sobre o politicamente correto é Jordan Peterson, psicólogo clínico e professor canadense, amplamente conhecido por suas palestras e livros como 12 Regras para a Vida. 

Peterson argumenta que o politicamente correto é, em essência, uma ferramenta de controle social usada por grupos que buscam consolidar poder político e ideológico

Para ele, a imposição de linguagem e normas sob o pretexto de inclusão ou sensibilidade muitas vezes mascara uma agenda autoritária, que visa silenciar vozes dissidentes e impor uma única narrativa.

Em suas falas, ele frequentemente aponta que o politicamente correto não apenas restringe a liberdade de expressão, mas também infantiliza a sociedade ao presumir que as pessoas não são capazes de lidar com ideias desconfortáveis ou debates robustos.

Peterson também destaca o perigo do que ele chama de "policiamento do pensamento", uma prática que, segundo ele, é promovida por aqueles que utilizam o politicamente correto como arma política. 

Em uma de suas entrevistas, ele afirmou que "quando você começa a controlar a linguagem das pessoas, você controla o que elas podem pensar", ecoando a ideia de "crime de pensamento" mencionada por Scruton. 

Para Peterson, esse mecanismo cria uma cultura de medo, onde indivíduos evitam expressar suas opiniões genuínas por receio de represálias sociais ou profissionais, o que, no longo prazo, enfraquece a democracia e a busca pela verdade. 

Ele acredita que o politicamente correto, ao invés de promover igualdade, frequentemente serve para hierarquizar grupos com base em uma suposta "moralidade superior", dando poder a quem define o que é ou não aceitável.

Pesquisas sobre a opinião pública relativa ao politicamente correto

O instituto de pesquisas americano Pew Research Center promoveu debates e entrevistas com pessoas que se dizem membros do público progressista/politicamente correto. Uma colocação que apareceu com frequência foi que os defensores do politicamente costumavam se ofender com muita facilidade.

Em 1992, o republicano Patrick Buchanan declarou que havia uma “guerra cultural tão importante para o tipo de nação que seremos quanto à própria Guerra Fria”. E identificou a discriminação religiosa, a presença das mulheres nas Forças Armadas, os direitos dos homossexuais e o direito ao aborto como frontes de batalha.

Alguns tomam esse discurso como uma espécie de oficialização do conflito que já ocorria desde 1970 por vias informais.

O instituto Pew Research publicou um levantamento em 2021 sobre o politicamente correto. Cidadãos de quatro países participaram e apenas na Alemanha a maioria concordou que "as pessoas devem ser cuidadosas com o que dizem para evitar ofender os outros"

A maioria dos entrevistados na França, Estados Unidos e Reino Unido concordaram com "as pessoas hoje se ofendem fácil demais com o que os outros dizem".

A pesquisa reforça o caráter ideológico do tema. Nos EUA, 65% de quem se diz esquerdista demonstram preocupação com que se diz. Apenas 23% dos direitistas concordam com essa posição.

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Governo Lula e o Politicamente Correto

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