O que é a Felicidade para Aristóteles?
Para Aristóteles, a felicidade (eudaimonia) é o bem supremo, aquilo que todos os seres humanos buscam por si mesmo, e não como meio para outra coisa. Em Ética a Nicômaco (Livro I, capítulo 7), ele afirma:
“A felicidade é algo perfeito e autossuficiente, sendo o fim de todas as nossas ações.”
Aristóteles diz que a verdadeira felicidade não está nos prazeres momentâneos, riquezas ou honrarias, pois esses são bens externos e dependem de fatores fora do nosso controle. Em vez disso, a felicidade está em viver de acordo com a virtude (areté) e exercer a razão, pois o ser humano é, por essência, um animal racional.
No Livro I, capítulo 13, ele explica:
“A função própria do homem é uma atividade da alma em conformidade com a razão ou que implique a razão.”
Portanto, a vida feliz é aquela em que nossas ações estão alinhadas com a razão e a virtude moral, desenvolvendo qualidades como coragem, justiça, temperança e prudência. Aristóteles destaca ainda que essa felicidade é algo duradouro, alcançado ao longo de uma vida inteira, e não um estado passageiro.
Assim como seu mestre, Platão e o mestre dele, Sócrates, Aristóteles também liga felicidade à virtude e ao conhecimento, mas diverge em dois pontos principais:
Sócrates acreditava que quem conhece o bem necessariamente o pratica e que a virtude é suficiente para a felicidade. Já Aristóteles diz que a felicidade também requer bens externos (como saúde, amizades e alguma prosperidade), pois, sem isso, a vida virtuosa pode se tornar impossível.
Platão colocava a felicidade na contemplação do Bem e do mundo das Ideias, algo transcendental. Para Aristóteles, ela é imanente, prática: consiste em atividades humanas concretas, guiadas pela razão, sem depender de um mundo inteligível separado.
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O que é a Felicidade para Sêneca?
Para Sêneca, a verdadeira felicidade não depende da sorte, da riqueza ou de acontecimentos externos, mas da nossa atitude diante da vida. Em Da Vida Feliz (cap. 3), ele afirma:
“O homem feliz é aquele que confia em si mesmo, que não depende das coisas externas.”
Isso significa que a felicidade, para ele, está em viver de acordo com a natureza e a razão, mantendo-se livre das paixões desordenadas e dos desejos excessivos.
Como bom estoico, Sêneca ensina que devemos aceitar aquilo que não podemos controlar e agir com virtude no que está ao nosso alcance.
Em suas cartas, ele reforça:
“Não é pobre quem tem pouco, mas quem deseja mais.” (Carta a Lucílio, IX)
Portanto, a felicidade não se encontra no acúmulo, mas na autossuficiência (autarkeia) e na tranquilidade da alma (ataraxia). A sabedoria consiste em compreender que as coisas externas são indiferentes, enquanto a virtude é um bem verdadeiro e inalienável.
Para Sêneca, o homem feliz é aquele que possui liberdade interior, capaz de permanecer sereno mesmo diante das adversidades. Essa paz nasce da prática da virtude, da razão e da aceitação do destino.
Em contraste, Epicuro (341–270 a.C.) afirmava que a felicidade está no prazer (hêdoné), entendido não como excessos, mas como ausência de dor no corpo (aponia) e tranquilidade na alma (ataraxia). Em sua famosa Carta a Meneceu, ele escreve:
“O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.”
Para Epicuro, a vida boa é simples: cultivar amizades, satisfazer necessidades naturais (como alimento e abrigo) e evitar medos inúteis, sobretudo o medo da morte e dos deuses.
Enquanto o estóico busca a imperturbabilidade pela virtude, o epicurista busca tranquilidade pelo prazer moderado.
Sêneca foi um dos maiores filósofos estóicos. Leia o artigo da Brasil Paralelo sobre o estoicismo e aprenda sobre a filosofia que a ensina como agir com calma e controle.
O que é a Felicidade para Santo Agostinho?
Seguindo muito de perto o pensamento de Aristóteles, Santo Agostinho acredita que a felicidade é o fim último da vida humana, mas ela não pode ser encontrada nas coisas do mundo, e sim em Deus. No livro X das Confissões, ele afirma:
“Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.” (Confissões, X, 27)
Essa frase resume sua concepção: o ser humano tem uma sede infinita que nada de finito pode saciar. Riquezas, prazeres e honras são limitados, e por isso não trazem felicidade verdadeira. Apenas Deus, sendo infinito e eterno, pode satisfazer completamente a alma humana.
Em A Cidade de Deus (Livro XIX), Agostinho diferencia os que buscam a felicidade na Cidade dos Homens (focada em bens terrenos) e os que a encontram na Cidade de Deus (voltada para a eternidade). Para ele, a verdadeira felicidade é “a vida eterna”, onde a alma goza da visão e amor de Deus.
Além disso, Agostinho considera que a virtude é necessária, mas não suficiente, pois a felicidade depende também da graça divina. A razão é importante, mas precisa estar iluminada pela fé. Ele critica filosofias que buscam a felicidade apenas pelo esforço humano.
“A vida feliz é a alegria proveniente da verdade.” (Confissões, X, 23)
Além de felicidade, Santo Agostinho versou sobre diversos outros temas através do prisma do cristianismo. Conheça as principais idéias de Santo Agostinho
O que é a Felicidade para Schopenhauer?